Quarta, 17 Janeiro 2018

Mulher de bispo da IURD em Portugal teria confessado esquema de tráfico de crianças

Novo capítulo-bomba da série de denúncias contra a entidade chefiada por Edir Macedo - e mais silêncio no Brasil sobre o escândalo internacional.

Márcia Barbosa Panceiro é a mulher do assim chamado bispo Romualdo, um dos mais importantes parceiros de Edir Macedo em Portugal, país em que está à frente da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Em uma carta de 11 páginas, divulgada pelo canal televisivo português TVI, Márcia confirmaria as adoções ilegais denunciadas pela mesma emissora no passado mês de dezembro, através da série de reportagens “O Segredo dos Deuses”.

Saiba mais sobre as denúncias e a investigação acessando este artigo.

De acordo com as informações da TVI, Márcia Panceiro escreveu na carta:

“Fábio Miguel Tavares foi-me entregue no dia 8 de abril de 1997 para ser meu filho”.

Ela se refere ao mais novo de três irmãos adotados ilegalmente. Fábio viveu até os 5 anos longe dos outros irmãos, Vera e Luís.

Na época, sempre segundo as denúncias feitas pela emissora, Edir Macedo pediu à sua secretária pessoal, a portuguesa Alice Andrade, que entrasse com um pedido de guarda para retirar as crianças do Lar Universal, o orfanato da IURD que funcionava irregularmente em Portugal.

De acordo com as jornalistas responsáveis pela reportagem, cujas gravíssimas denúncias estão sendo investigadas pelas autoridades portuguesas, os irmãos Vera, Luís e Fábio foram levados por Alice para os Estados Unidos e entregues a Viviane, filha de Edir Macedo. No entanto, Viviane e seu marido, o também “bispo” Júlio Freitas, rejeitaram Fábio e decidiram ficar somente com Vera e Luís. Ilegalmente, “enviaram” Fábio para o Brasil, a fim de que fosse adotado por outro “bispo” — Romualdo, o marido de Márcia.

Em seus 10 episódios, a série investigativa “O Segredo dos Deuses” desmonta o esquema de tráfico de crianças portuguesas que era praticado sob a fachada do Lar Universal. O orfanato, que funcionou de forma ilegal entre 1994 e 2001, acolhia crianças entregues diretamente por famílias em dificuldades, driblando os trâmites legais. Alguns dos menores eram adotados ilegalmente por bispos e pastores da IURD e levados para fora de Portugal mediante fraudes.

Com as informações que vieram a público graças à série de reportagens da TVI, o Ministério Público português abriu um inquérito sobre a alegada rede de adoções ilegais de crianças. Por sua vez, a IURD emitiu um comunicado em que afirma ser vítima de uma “campanha difamatória”. A entidade brasileira afirmou que a investigação realizada pelos repórteres da rede portuguesa de televisão TVI se baseia no depoimento falso do ex-bispo Alfredo Paulo, que teria sido expulso da IURD por conduta imprópria.

Com a grande repercussão das denúncias em Portugal, a TVI está fomentando e solicitando a reação da Segurança Social, da Santa Casa da Misericórdia e da classe política em geral às conclusões do trabalho jornalístico.

Além disso, as novas revelações trazidas pela carta de Márcia Barbosa Panceiro dão origem, agora, a mais uma reportagem da emissora: “A Confissão“, que, nesta semana, mostrará documentos exclusivos de pessoas vinculadas à própria IURD que corroboram as denúncias.

A investigação jornalística sobre o caso chocante originou ainda o movimento #NãoAdotoEsteSilêncio, apoiado por várias figuras públicas de Portugal.

No Brasil, estranhamente ou muito significativamente, a grande mídia não tem repercutido o caso.

 

Fonte: Aleteia

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