Os moradores do Jardim Lupena, em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, dizem ter certeza que os corpos encontrados dentro de um carro na quinta-feira (12) são de duas meninas que desapareceram na região em 24 de setembro. A identificação dos corpos, porém, só se dará após exame de DNA, que deve ficar pronto no início da semana.
Segundo vizinhos, Bia e Mel, de 3 anos, desapareceram quando brincavam em frente de casa, cerca 150 metros do local onde foram encontrados os corpos. Ainda não é possível dizer que os cadáveres sejam das meninas desaparecidas porque eles estavam em avançado estado de decomposição.
A polícia trabalha com duas hipóteses para as mortes: assassinato ou acidente. "Por enquanto não dá para dizer, descartar o que possa ter acontecido. se foi um crime, se foi acidente. Depende dos laudos que vamos poder definir o que pode ter acontecido", disse a delegada Ana Lucia Lopes Miranda, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
As mães das crianças estiveram no IML e reconheceram as roupas que as filhas vestiam no dia do desaparecimento. O chinelo de uma das meninas também foi reconhecido. A polícia aguarda exames de DNA para identificar as vítimas.
Os corpos das crianças foram localizados na Rua do Call, dentro de uma Fiorino branca roubada. Como era dia das crianças, os vizinhos tinham fechado parte da via para fazer um churrasco e sentiram um cheiro muito forte vindo de um terreno que estava fechado com placas de alumínio.
Um vizinho pulou o muro e encontrou o carro com os dois corpos. O veículo foi levado para o pátio da delegacia do bairro. Nas portas empoeiradas, a polícia localizou marcas de dedos.
Integrante do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe) e coordenador da Comissão da Criança e do Adolescente, o advogado Ariel de Castro Alves defende que, em casos de desaparecimento, as famílias procurem a delegacia para registrar o boletim de ocorrência o quanto antes. Por ano, 40 mil crianças e adolescentes desaparecem no país. Em São Paulo, a cada 10 desaparecidos, quatro são crianças e adolescentes.
"É uma tragédia, um caso cruel que precisa de esclarecimento urgente, e tem uma comoção social muito grande. A Delegacia de Pessoas Desaparecidas já estava apurando o desaparecimento e, agora, com o possível encontro dos corpos, é necessário cautela. Não vamos nos precipar, esperamos os exames do IML. Temos certeza que a equipe do DHPP tem condições de esclarecer este crime tão bárbaro", afirmou.
"A maioria das crianças que desaparecem estão em situação de vulnerabilidade social e em periferia. É uma média anual de 8 mi, 9 mil crianças que desaparecem, sendo que 10% são mais casos crônicos, de difícil solução", salienta.
Fonte: G1
O caso foi registrado no 63º Distrito Policial, na Vila Jacuí. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai investigar o crime.