Sexta, 08 Julho 2016

Brasileiros criam capinhas de celular para encontrar crianças desaparecidas

Em prol da ONG Mães da Sé, Ben, 24, e Marcos, 26, enfrentaram a recusa de agências e pagaram do bolso o The Selfind Project, que teve adesão de famosos como Preta Gil e Angélica

 Em uma época em que todo mundo quer tirar a sua selfie no espelho e postar no Instagram, Ben Araujo, 24, e Marcos Müller, 26, viram neste narcisismo uma chance de ajudar os outros. Sem a ajuda de qualquer agência de publicidade, os dois criativos fizeram o The Selfind Project, uma espécie de versão moderna das caixinhas de leite com fotos de pessoas desaparecidas. Em vez dos vasilhames de papel, a parte de trás das capinhas de smartphones se tornaram plataforma para disseminar o rosto de crianças perdidas. Lançada no Dia das Mães, a ação feita como trabalho solidário para a ONG Mães da Sé engajou celebridades brasileiras como Preta Gil, Fernanda Lima e Angélica, e ganha uma segunda fase neste mês. “Quando você divulga a imagem de uma criança, você aumenta muito a chance de ela ser encontrada. Quando descobrimos isto, nós ficamos mais motivado”, fala Ben em entrevista ao iG.

No dia 11 de maio, famosos postaram fotos no espelho usando, no celular, a imagem de uma criança desaparecida, junto com os dados e o contato da organização não governamental, pedindo informações sobre o paradeiro dessas pessoas. A ação atraiu mais de 17 milhões de seguidores para o perfil da organização em menos de 10 horas. “Foram cerca de 10 milhões de pessoas impactadas”, conta o criativo. Além disso, as selfies receberam aproximadamente 480 mil curtidas e mais de 15 mil compartilhamentos.

A segunda fase é marcada pela abertura de uma loja virtual onde qualquer um pode comprar, por R$ 25, uma capinha e ajudar a divulgar o rosto de uma criança perdida. “A gente recebeu muito feedback, muita gente querendo participar também”, conta Ben. E o The Selfind Project também ganhou uma aliada importante: a apresentadora Cris Flores. “Enquanto estávamos montando esta nova parte, ela nos ligou dizendo que gostaria de estar no projeto, foi quando oferecemos a ela o posto de embaixadora”, afirma o publicitário. Mas, até se tornar um sucesso, a ideia passou por poucas e boas.

No fim do ano passado, Ben e Marcos estudavam juntos em uma escola de criativos quando o dicionário Oxford apontou “selfie” como a palavra de 2013. Eles perceberam que, junto com o sucesso do Instagram, esta mania tinha muito potencial midiático. “Via que as pessoas usavam capinhas de marcas sem pretensão nenhuma, mas acabavam fazendo propaganda. Foi quando começamos a juntar as coisas”, explica o jovem, se referindo aos auto-retratos feitos em espelhos. “A gente decidiu adquirir este espaço para fazer algo legal”.

Como ambos estavam desempregados, eles decidiram, no começo deste ano, vender o The Selfind Project para todas as agências de publicidade que conheciam, porque acreditavam que não conseguiriam colocá-lo em prática sozinhos. As respostas foram todas negativas. “Fomos recusados não apenas por algumas, mas por todas as agências que entramos em contato”, fala Marcos. “Algumas até respondiam, outras apenas nos ignoravam”, complementa Ben.

Diante de tantas recusas, os rapazes cogitaram colocar um fim no projeto. “Eu cheguei a duvidar do potencial da ideia, porque grandes criativos que viram o negócio e acharam que não era bom”, diz Ben. “Perguntávamos se estávamos no caminho certo, mas alguma coisa continuou motivando a gente. Talvez tenha sido o destino, sei lá”, fala Marcos.

Com a proximidade do Dia das Mães, melhor data para lançar a ação, eles perceberam que teriam que continuar por conta própria e, por isso, marcaram uma reunião com os responsáveis pela ONG Mães da Sé. Segundo eles, o encontro deu a motivação definitiva para o The Selfind Project sair do papel. “Acabamos conhecendo histórias de crianças que conseguiram ser encontradas por causa da divulgação das fotos. Mostrou que era possível encontrá-las com este tipo de projeto”, narra Ben. Já em Marcos, o impacto do encontro foi ainda mais profundo: “Minha mãe se suicidou quando eu era criança, então tinha esse estranhamento. O projeto me ajudou a entender esta relação de mãe e filho. Ajudou muito conversar com essas mães que realmente amavam seus filhos”.

Como não estavam com o respaldo de nenhuma agência, a dupla teve que custear todas despesas de confecção e envio das capinhas de celulares do próprio bolso. Porém, no último momento, a Print4me se ofereceu para fazer o primeiro lote de cases de graça. “Assim, gastamos aproximadamente R$ 2 mil só para mandá-las para as celebridades”, detalha Ben.

Outro momento tenso para Ben e Marcos foi conseguir o contato de assessorias de imprensa de famosos. “Ligávamos em todos os escritórios e explicávamos a nossa ação. Alguns se animavam, outros não davam muita bola”, explica Araujo. O blogueiro Hugo Gloss deu uma força, fornecendo os contatos. “Foi um verdadeiro exercício de diplomacia e negociação, porque nunca troquei tantos e-mails e telefonemas”.

À medida que alguns famosos aceitavam participar do projeto, as coisas ficaram mais fáceis. “Quando Fernanda Lima e Angélica confirmaram, todo mundo começou a querer participar também”, diz Ben. Mas, no dia fatídico, a pessoa mais importante foi Preta Gil. “Ela foi primeira a publicar a selfie, às 7h, a partir daí foi como em um dominó”, conta Marcos.

A ação foi uma surpresa para as mães das crianças, que não sabiam que o rosto de seus filhos desaparecidos seriam divulgados por celebridades. “A mãe da Emily, a da capinha da Preta, nos deu um depoimento super emocionado. Foi muito tocante”, relata Ben.

A sensação de vitória é palpável, afinal, eles passaram por cima da opinião de muita gente que desacreditou o projeto. “É meio mesquinho, mas foi como um desafio”, admite Araujo, rindo. A “vingancinha” parece ter surtido efeito, já que, atualmente “disponíveis no mercado”, a dupla de criativos está sendo abordada por várias agências de publicidade. “Já pensou se a gente tivesse parado no primeiro não?”, finaliza Marcos.

 

Fonte : IG 

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